terça-feira, 14 de julho de 2015

Água quebrada

Lavar as panelas me reconciliou com a água fria. Estendi as roupas pretas e lavei os casacos do meu marido a fim de pegá-los para mim. Ele não sente frio, pensei. Os meus estão rasgados puídos, feios mesmo. Mas vou lavá-los depois para servir de dormir. Os pijamas estão caros, a energia elétrica... O combustível também. Tudo pela hora da morte. Lavei as panelas, mas o banho não encarei. Meu aquecedor está quebrado e o rapaz do conserto me deu conselho muito útil: compre outro. Mas sem grana não comprei. Ele agora só me dá água quebrada. Leio a Bíblia e lembro que há outros que nunca tiveram o prazer de um banho de água fumacenta, que embaça o basculante de tão quente. Pensei mas foi por pouco tempo. Precisava de águas e ideias quentes.  Sem chance. Dormi com as palavras gastas todas grudadas na pele.

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